segunda-feira, 19 de abril de 2010

Adaptando os Telecentros


Adaptando os Telecentros

Como tornar o Telecentro comunitário mais acessível

A maioria dos locais encontra-se despreparado para acomodar adequadamente as pessoas com deficiência, pois poucas pessoas sabem que é possível eliminar grande parte das barreiras de acesso sem realizar reformas estruturais no edifício. Essa seção traz informações sobre as associações de normas técnicas e dicas de transformações no ambiente que podem ser feitas sem muito esforço e com grande resultado. Além disso, geralmente o custo envolvido não é alto. O ideal é construir de acordo com as normas de acessibilidade mas, quando isso não foi feito, o jeito é fazer as adaptações.

Quando se discutem os problemas de acessibilidade de um edifício, costumam prevalecer idéias erradas, como a de que o custo da adaptação é muito alto, o período de obras será muito longo e são poucas as pessoas que realmente necessitam destas obras. Há até quem diga que as alterações necessárias são muito complexas e suas conseqüências seriam comprometedoras por questões de segurança e praticidade para os outros usuários.

Adaptar um ambiente para que uma pessoa com deficiência possa usá-lo melhor não significa apenas ser solidário com os seus problemas. Significa criar condições para a independência de todos, construindo um local onde uma pessoa portadora de deficiência não dependa de outra para decidir como usar os recursos do espaço à sua volta, que deveriam estar disponíveis igualmente para ambas, através da adoção do design universal.

Boas condições de acessibilidade favorecem pessoas com deficiência, mas também são excelentes para idosos, mulheres grávidas, mães empurrando o carrinho de seu bebê, obesos, cardíacos, pessoas com dificuldades temporárias de locomoção, pessoas transportando objetos pesados - ou seja, o custo/benefício das obras é compensador.

Alguns estudiosos consideram que a deficiência é resultado do desajuste entre as características físicas das pessoas e as condições dos locais onde elas atuam. Não deve ser, portanto, associada de forma específica a um tipo "defeituoso" de pessoa. Como exemplificou Marcelo Pinto Guimarães, professor de Arquitetura, no texto "Acessibilidade: Diretriz para a Inclusão": "Uma criança experimenta uma deficiência quando tenta subir uma escada e percebe que os degraus são desproporcionais à sua perna, quando tenta chamar alguém pelo interfone ou atingir um andar por elevador e não consegue alcançar o botão de controle. Uma senhora experimenta uma deficiência quando quer sair de um automóvel pela porta de trás usando saia, meia fina e sapato de salto alto em uma rua inclinada. Um garçom experimenta uma deficiência quando tem que passar no estreito espaço entre as mesas de um restaurante congestionado, segurando pratos quentes em ambas as mãos. Um idoso experimenta uma deficiência quando tenta tomar banho em um boxe de chuveiro público onde o piso é escorregadio. Todas essas situações de deficiência geram stress, desgaste físico e emocional."

Voltando nossa atenção aos Telecentros comunitários, podemos constatar que estes conceitos também são aplicáveis a eles: em geral, precisamos considerar como chegar ao Telecentro, verificando as calçadas e a situação do seu entorno, transportes públicos, a entrada do local, salas e banheiros. É importante verificar a adequação do mobiliário às pessoas com deficiência física; no caso de pessoas com baixa visão, as condições de iluminação são fundamentais.

Além de conhecer e aplicar as normas técnicas, é muito importante consultar as pessoas com deficiência sobre suas necessidades e verificar quais são suas condições. O momento da entrevista inicial, quando elas chegam ao Telecentro, é propício para conhecê-las e planejar, juntamente com elas, a melhor forma de atendê-las. Há casos em que uma pequena modificação da posição do teclado pode facilitar seu acesso à máquina, por exemplo.

A melhoria da acessibilidade dos Telecentros comunitários é, portanto, um passo de fundamental importância no processo de inclusão social e digital, pois através dela são atendidas, simultaneamente, as necessidades de pessoas com deficiência, e de muitas outras pessoas.

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